Falei do eu...
Falei de mim...
Falei de nós...
Ainda falava quando a voz me foi tirada,
Não restava mais como ser entendido pelos outros...
Então, me adaptei e tentei me comunicar por meio de
gestos...
E passei a ser entendido,
Compreendido por outros iguais,
Mas rapidamente esse entendimento se perdeu, se esvaiu...
Pois, nossos inimigos vieram e vazaram os olhos dos mais
próximos a mim...
E apenas um barulho vazio e desprovido de sentido ecoava de
mim...
Não podia salvar os outros...
Mas mesmo assim, criei um padrão dos gemidos,
Um padrão para salvar os outros dos nossos inimigos...
Aí, me tiraram a vida...
E sem vida não pude mais ser ouvido e muito menos
entendido...
Mas eu só queria dizer que o inimigo é apenas outro lado da
face do eu...
Pois, o eu é que nos cega, nos tira a voz e, por fim, nos
mata...
Daí, entender a vida é entender a luta constante entre as
partes do “eu”.
(TON SOWEHÁ)