I - Paradoxos
do que sinto
A música que toca
meus ouvidos inflama meu interior,
Toca-me de uma forma
branda e furiosa,
Em um paradoxo que
põe frente a frente angústia e alegria,
E, então, bate uma
saudade surpreendente daqueles dias,
Dias em que eu menino
me via como homem...
Já agora que sou
homem me vejo menino...
E o tempo passou e eu
sou, ao mesmo tempo, o mesmo e outro...
O mesmo no anseio e
na aspiração e outro no modo como encarar tais sentimentos.
A vida passou e
dentro de mim convivem o homem e o menino,
Mas quem realmente
sou?
Por vezes, menino,
por horas, homem...
Mas a dúvida
prevalece, nenhuma certeza convalesce nessa dimensão...
Dimensão da história
e da ficção.
Daí, eu só sei que
conto histórias
Na maioria das vezes,
não tão boas,
Todavia, sempre tenho
quem as ouça...
E diante dos meus
olhos sorriem e fazem meu coração vibrar de emoção.
E como caixeiro-viajante vou seguindo e oferecendo um pouco do meu produto,
Um pouco de mim... e
assim vou escrevendo de tinta permanente meu diário.
Meu livro da vida
está recheado de loucuras, ilusões, quimeras e sonhos...
Algumas delas vão se
realizando e me realizando,
Outras se frustram
fazendo com que eu aprenda e me adapte...
Assim, vou me
adaptando feito inseto no casulo para poder voar sereno!
Ah, por outro lado, a
vida parece um porto cheio de naus...
Cada pessoa é uma nau
que se aproxima e ancora no meu pear...
Umas chegam outras
partem, mas a volatilidade é alta,
Entretanto, queria
que uma certa pessoa ficasse...
Aportasse na minha
vida para cuidar desse velho porto...
Dar-lhe outras cores,
mostrar-lhe outras dimensões e pudesse ascender-me...
Sim, ascender o farol,
que a tanto apagado, poderá retornar a vida...
Que farol... quando
volta à tona a todos ilumina,
Não é um brilho para
si,
Um brilho de per si
para outros, para a humanidade,
Um presente, uma
dádiva que muito pode dar,
Mas que, outrossim,
anseia em receber...
O calor capaz de
ascender sua candeia...
Oh moça faceira que
com seu sorriso candente...
Com sua boca doce e
seu corpo envolvente,
Chame-me aos teus
aposentos
E no teu leito
imaculado me ponhas em teu colo,
Acaricies a minha
fronte e dai-me tuas mãos,
Que nossos dedos se
entrelacem...
E por um beijo suave
inicies o meu conhecimento de ti,
Permita despi-la, não
apenas para que teu corpo nu seja flama,
Mas deixei-me
despi-la na alma,
Abra tua anima,
destrave as portas de teu coração,
Para que meu corpo não
apenas adentre o teu,
Mas que nossos
físicos e espíritos se apropriem daquela techinè dos alquimistas,
Numa pura química
onde possamos nos fundir em único ser...
Claro que tal fato
não nos fará perder a nossas individualidades,
Entretanto, nos
mostrará que dependemos um do outro
E essa dependência
não é um vício,
Mas uma virtude
chamada amor.
Ah o amor, que coisa
é o amor?
Uma quimera?
Um delírio
adolescente?
Não, o amor é real,
ele não morreu
Antes está dentro de
nós esperando que o despertemos com cuidado...
Por isso, quando
nossos corpos se unirem de um modo puro
Não será apenas o
prazer, mas a candura de dois sonhadores
Que se curaram
mutuamente,
Aplicando-se a dose
certa desse balsamo que ainda está oculto, nos encontrará.
Meu sonho é você!
Agora... enquanto
voo, voo no teu olhar...
E os meus olhos estão
indo nesse horizonte ilimitado que é você...
Permita-me
desbravá-lo...
Porque nosso amor
será eterno e perfeito!
Perfeito...
E é tudo que sei
dizer quando vejo você!
TON SOWEHÁ